Desde que o mundo é mundo, que o vinho é vinho, sempre foi apreciado pelos humanos, que é o mesmo que dizer por todos nós.

O seu percurso até aos dias de hoje não deixa de ser atribulado e cheio de peripécias, algumas até bem-dispostas, mas no fundo o papel central estaria sempre reservado aos produtores, pois quanto em maior número e mais senhores da sua arte, trariam a si a fama pelos seus produtos e com ela o escoamento dos seus vinhos a preços compensadores.

Nesses tempos o vinho era, no entanto, quimicamente instável e se submetido a maiores temperaturas corria o risco de se alterar, recorde-se a este título o castigo e dificuldade que era para as gentes do douro fazerem chegar os seus vinhos em condições ao seu mercado natural: o porto.

Imaginem-se agora outras situações como os romanos a transportarem os seus vinhos para a Grécia, transporte este feito em ânforas através dos mares. Entre as que se quebravam, as que se desrolhavam, e outros azares que traziam grandes prejuízos ao comércio destes produtos, isto já para não falar da tripulação dos barcos, como quem não quer a coisa, ir retirando de umas ou outras a sua caneca… Com o passar do tempo estas ânforas começaram a ser seladas com resina por forma a garantir a sua estanquidade e inviolabilidade.

Dito isto, quase se pode concluir que o produtor de vinhos com maior sucesso é o que produz e vende tão rápido que encaixa o valor da venda antes de o vinho sofrer qualquer alteração…

Felizmente as coisas evoluíram e o aparecimento do vidro facilitou muito a tarefa do armazenamento e transporte do vinho, e a rolha acabou por rematar o seu passaporte para a eternidade, embora, claro, com contingências. Como se sabe, a rolha é uma matéria viva que obedece às leis da física inchando quando em contacto com líquidos, reduzindo quando seca.

Está, pois, encontrado o principal motivo para que as garrafas de vinho sejam guardadas deitadas, uma vez que as rolhas estando em contacto com o vinho, encontram-se sempre dilatadas garantindo, desta forma, a estanquidade da garrafa e, com ela, a longevidade do vinho.

Outro motivo ponderoso para guardar as garrafas na horizontal decorre duma questão prática, uma vez que desta forma se armazenam uma quantidade muito superior de garrafas, em boas condições de acesso.