Dos bons vinhos
O que é um bom vinho? Esta é a pergunta que nos dilacera e, pela qual, bem que pagávamos 1.000.000 de dólares… No entanto, é uma pergunta descuidada e incauta pois de tão genérica a sua resposta só pode ter a mesma característica, o que, como se sabe, não costuma levar a lado nenhum. Quase uma pergunta existencial.
Todas as perguntas devem ter uma resposta – salvaguardo aqui as de curiosidade – vamos elaborar um pouco sobre esta questão sobre o que é um bom vinho.
Pessoalmente um bom vinho é o que me sabe bem, um vinho excepcional é o que me sabe sempre pela vida. Embora simples há aspectos a ter em conta, deve ser um vinho bem feito uma vez que nem me passa pela cabeça gostar de um vinho com defeito, ou sem atributos de maior. Uma boa parte da resposta passa, no entanto, pelo acompanhamento do vinho: na verdade o casamento do vinho com a gastronomia é o verdadeiro segredo, e o verdadeiro fazedor de prazeres…
Assim, para mim, o bom vinho é aquele em que acerto no casamento entre o dito e o que é servido na refeição, acrescento ser este o grande e apaixonante desafio que enfrentamos sempre que nos perguntamos qual o vinho que vou escolher?
Aos Vinhos de Reserva
Com frequência constato que a maioria das pessoas supõe e aceita como verdade que um vinho de Reserva é sempre bom e mais, uma boa escolha. Nada mais leviano a meu ver uma vez que o nosso julgamento repousa sobre algo que lemos e não sobre o que comprovámos.
Claro que um vinho classificado como reserva nos oferece maiores garantias de qualidade se é isso que procuramos. Devemos, no entanto, questionar-nos sobre se uma vez engarrafados estes vinhos não evoluem e não têm fases menos boas, claro que têm pelo que o rótulo não é tudo.
Paralelamente há vinhos que merecem a designação de Reserva mas que por vários motivos o produtor opta por não os submeter à Câmara de provadores da sua Região, logo não são candidatos a esta designação, pergunto são piores por isso? Claro que não.
Temos então um dilema a resolver sobre que vinhos escolher como bons, e, sinceramente, a única resposta que me serve é os que me sabem extraordinariamente bem, os outros que digam o que entenderem, eu reservo para mim este julgamento quer se tratem de Reservas, ou não.
Como abrir uma garrafa de vinho?
Com um saca-rolhas diria, mas muito, para não dizer tudo, ficaria por dizer.
Sempre que penso em abrir uma garrafa de vinho, e não me vou deter nos aspectos sobre como cheguei a essa decisão, a primeira questão com que me preocupo é com a temperatura do vinho garantindo que está sempre um pouco mais fresco do que o recomendado, pelo simples facto de que o vinho no copo aquece rapidamente, e não quero perder nenhum dos seus aromas à medida que a sua temperatura sobe e ele se mostra.
Seguidamente preocupo-me com o manuseamento da garrafa uma vez que no caso dos vinhos tintos não sei se o vinho tem ou não pé, leia-se sedimento, uma vez que se a resposta for positiva não pretendo que o vinho fique turvo, ainda que inadvertidamente. Note-se, a este título, que o vinho ter pé não é nem pode ser defeito, é aliás a maior garantia que temos que o vinho é genuíno.
Bom, daqui em diante a resposta é linear pois creio que todos cortamos a cápsula do vinho com o cuidado de ficar bem cortada, obra perfeita, para o que frequentemente utilizo utensílios próprios para o efeito.
A última etapa é a extracção da rolha o que tento aconteça sempre com a maior suavidade pelo que pacientemente vou rodando sobre a rolha o dito saca e, uma vez tendo introduzido o suficiente tento retirara a rolha com a graciosidade que cumpre até ouvir o som característico da sua libertação. Tenho nesta altura o cuidado de mirar o seu fundo para ver se houve fugas, e de a levar ao nariz sendo este o meu primeiro contacto com o vinho que escolhi.
Por educação e pressão feminina tenho o cuidado adicional de introduzir no gargalo uma daquelas rodelas próprias para absorver o pingo – apara pingas – que escorre pelo gargalo da garrafa depois de servir o vinho, evitando sujar a toalha manchando a sua alva cor…