Ao longo da minha carreira no mundo dos vinhos, das dúvidas que mais vezes tenho ouvido é sobre vinhos maduros e vinhos envelhecidos duas “classificações” que parecem ter tudo a ver, mas que, na verdade, não têm nada …
Muita confusão ouvi eu sobre vinhos maduros presenciando conversas em que as pessoas admitiam que se tinha de esperar pelo vinho para ele amadurecer como se dum fruto se tratasse. É verdade que se deve esperar algum tempo pelo vinho após o seu engarrafamento para se recompor do “trauma “ sofrido, mas passado, digamos duas semanas, um mês, copo com ele, segundo os gostos e gastronomia.
Creio ser chegado o tempo de acabar com esta confusão perfeitamente admissível, uma vez que a designação de vinho maduro foi criada apenas como contraponto a uma outra, a dos vinhos verdes, ou seja vinhos que não são produzidos na região dos vinhos verdes.
Simples, não? E no entanto presta-se a confusões….
Entretanto surge-nos outro conceito, o de vinho envelhecido. Na verdade um vinho envelhecido é um vinho que, depois de engarrafado, se deixou passar algum tempo, para que esse mesmo tempo o marcasse.
Como reconhecer um vinho envelhecido?
É muito fácil reconhecer um vinho envelhecido uma vez que a sua cor começa a apresentar uns tons atijolados, ou seja o rubi vivo inicial, vai dando lugar, como acabei de referir, a tons cor de tijolo. Ao nariz, os aromas de frutos vermelhos dão lugar a outros que lembram compotas e, finalmente, a outros chamados terciários.
A evolução dos aromas é, naturalmente, acompanhada pelos sabores que evoluem no mesmo sentido.
Estão então traçados os pontos essenciais para que você reconheça imediatamente um vinho envelhecido assim que este lhe for apresentado.
Como associar vinhos envelhecidos à nossa gastronomia tão rica?
O grande segredo à mesa é a harmonia: um grande vinho conjugado com uma refeição ligeira, sobra vinho; como uma grande refeição com um pequeno vinho, falta vinho…
Partindo deste truísmo à medida que os vinhos evoluem, envelhecendo, deve ter-se o maior cuidado com que gastronomia se complementa, uma vez que os aromas e sabores do vinho devem ser casados com comidas algo delicadas, sem arestas, ou temperos excessivos para que ambos se conjuguem perfeitamente.
Simples, não é? Nem tanto, é que da teoria à prática vai alguma distância, mas como se diz com verdade, a prática é a mãe da experiência… Divirta-se a experimentar…