Grande questão esta a que habita a nossa cabeça e que felizmente já revela algum, senão muito, interesse pelo vinho e suas coisas. Seus prazeres, em resumo.
Começando pelo Enólogo poderia dizer-se que é o responsável por transformar as uvas em vinho. Grande mester este e quanta responsabilidade detém nas suas mãos e no seu julgamento. Sim, tem de ter formação específica, é um curso superior, e com frequência entra vinha a dentro, qual médico a prescrever cuidados, embora na acepção clássica digamos que a sua influência se inicia no momento em que decide vindimar.
A adega é o seu átrio, o seu laboratório, a sua casa. Ali põem e dispõem e desenham cada vinho como pintores buscando o rigor do traço , de cada pincelada até que sem tempo nem regras dão por finda a sua obra e aí temos nós os vinhos que tanto nos apaixonam, sejam eles tintos, brancos, rosés ou espumantes ( sim estes últimos são vinhos igualmente! ).
Claro que Enólogo dispõe hoje de grandes ajudas que o auxiliam no percurso de chegar aos seus vinhos, para mencionar alguns temos de referir o adegueiro seu lugar tenente que opera na adega a instruções do seu mestre , a ele reportando o desenrolar das vinificações para que este , avaliando, disponha o rumo a seguir. O laboratório é outro auxiliar precioso ditando e acompanhando as análises e o percurso do mosto na caminhada até se transformar em vinho.
A título de nota final sobre Enólogo é ele que igualmente dita ou não o adormecimento do vinho na madeira , berço este apenas reservado aos eleitos , leia-se vinhos com maior potencial e estrutura.
De forma simplista diríamos que uma vez efectuado o engarrafamento de cada vinho a tarefa do Enólogo aqui termina para dar lugar ao seu e meu julgamento se a sanha comercial nos permitir cruzar-nos com um dos seus vinhos.
Aqui, meus caros leitores , a coisa muda de nome e desbravamos o caminho dos Enófilos , gesta de uma vida inteira que se inicia com o inocente interesse e degustação de vinhos, agudiza-se à medida que nos apercebemos de que nem todos os vinhos são iguais embora da mesma região, e conduzem-nos a embrenhar-nos na floresta da informação refinando a nossa aprendizagem , bagagem que não pesando apenas serve para nos apercebermos da nossa ignorância.
Com os vinhos bola baixinha, ouvi eu dizer a personagem proeminente, já de provecta idade, do mundo dos vinhos recordando-nos que humildade e, porque não dizê-lo, associada à curiosidade ( vontade de aprender ) nos conduz por essa estrada recheada de descobertas que nos transforma em sólidos conhecedores e apreciadores de vinho ou, Enófilos.
Sinceramente apenas por questões pessoais parece-me que o Enófilo ganha em riqueza e cultura ao primeiro, mas , verdade seja dita, que o Enólogo não seja igualmente um Enófilo conceituado.
Explicado a crianças o Enólogo é que faz os vinhos e o Enófilo o que os bebe de forma esclarecida e se diverte muito com isso.
Simples, não é ?