Eis uma boa pergunta que se responde com prazer. Esta é, diria, uma questão claramente colocada por alguém que nasceu no século XX que se deu ao trabalho de questionar qual a razão de tanto trabalho para armazenar o vinho em madeira quando existem outros recipientes mais práticos e baratos.
Embora carregadas de razão as respostas de hoje surgem-nos quando olhamos para trás e acompanhamos numa perspectiva histórica o desenvolvimento das “coisas” deparando-nos frequentemente com histórias muito curiosas.
Na antiguidade, antes da descoberta do vidro ou mesmo depois de descoberto o seu preço era proibitivo, os recipientes usados para guardar os vinhos eram feitos de barro ou de madeira.
Há descrições de vinhos transportados em ânforas nas galeras romanas, este era no entanto um recipiente algo “mimoso “ pois além de se partir tinha que ser muitas vezes impermeabilizado usando o pez, e, minhas senhoras e meus senhores, estes são os originários dos tintos da talha (sim, eram fermentados em talhas de barro).
Uma curiosidade a este título reside no facto dos gregos apreciarem vinhos com sabor a resina. Porquê? Simplesmente porque os romanos para os vinhos não entrarem em contacto com o ar selavam as ânforas com resina que, no entanto, passava o seu sabor ao vinho e a este se habituaram- e acabaram por apreciar – os seus consumidores finais.
Claro que as ânforas tinham uma clara limitação o manuseamento e logo a sua capacidade uma vez que quanto maior a ânfora maior a sua dificuldade de transporte, a sua fragilidade e a possibilidade, sendo partida, de perda total.