Um vinho é um produto natural que pede e merece ser vedado na garrafa com um produto natural.

Os antigos tinham de se governar com os meios ao seu dispor para responder às suas necessidades, por isso usavam recipientes de madeira para guardar os vinhos que hoje conhecemos por balseiros, barricas, quartolas, etc., e socorreram-se das propriedades da cortiça para selar os recipientes de vinho, ânforas certamente nos primórdios. Afinal que propriedades tem a cortiça para merecer semelhante distinção?

Começa pelo facto de existir cortiça por toda a bacia mediterrânica, também zona de produção de vinho logo bastou somar um mais um. Acresce que a cortiça é um bom vedante ou seja incha em contacto com os líquidos garantindo a estanquicidade do receptáculo. E mais importante de tudo não transmite qualquer sabor aos líquidos dos quais é encarregada de vedar.

Por tudo isto a cortiça sobreviveu até aos nossos dias como o vedante de excelência para vinhos de qualidade, estando nós de tal modo habituados a este facto que se um vinho nos aparece com qualquer outro vedante imediatamente baixamos as nossas expectativas em relação ao vinho em apreço.

Aproveito para lhe contar uma curiosidade vinda da antiguidade, do império romano, mais precisamente, o transporte dos vinhos que sempre foi assunto de grande importância, uma vez que quando há trocas comerciais entre destinos longínquos é fundamental que não só o recipiente seja seguro – não se quebre – como seja estanque, garantindo não haver perdas dos líquidos transportados.

Assim os romanos que exportavam vinhos para a Grécia não só selavam as ânforas com cortiça como ainda as selavam com resina. Claro está que não raras vezes com o calor ou alguma deficiência a resina entrava em contacto com o vinho e transmitia-lhe o seu sabor, tendo com o passar do tempo os gregos começado a apreciar este sabor, ao ponto de ainda hoje consumirem vinhos com gosto a resina.

E esta hein?