Uma boa questão de gente interessada e cautelosa, merece uma resposta de idêntico teor que se poderia resumir em a prova de vinhos ser um fim, mas até lá chegar é necessário saber algo de vinhos e de prova – sistematizar – para depois saber avaliar. Afinal é isto que a prova faz.
Escrevia Eça de Queiroz, e cito de memória, “para ensinar é necessário cumprir com uma condição: saber!” Citação um pouco lateral talvez, mas antes de abordar a prova é necessário saber, pelo menos, duas coisas a primeira como funciona o nosso sistema de prova – os sentidos – para procurarmos o quê, onde, e o segundo, o saber como o vinho é feito, matéria que todos supomos conhecer, mas quando abordada surgem não poucas surpresas…
Os nossos sentidos são afinal o juiz de todos os nossos alimentos, vinho incluído, e se a visão e o olfacto não oferecem cuidados de maior, já o paladar – o juiz final – tem mais que se lhe diga por detectar o doce, o amargo, o ácido e o salgado, e sabermos onde devemos esperar este encontro facilita em muito a tarefa do provador na sua avaliação. Devemos aqui acrescentar uma outra função que descreveríamos como a duração da impressão, dito por outras palavras quanto tempo percepcionamos o sabor do alimento, vinho neste caso.
Já devia ter dito, desculpe só agora o fazer, que avaliar vinhos é um exercício de memória e de sistematização, ganhar assim as bases para o fazer parece-me que não necessita de maior demonstração de grande valia.
No que toca ao vinho propriamente dito é básico para não dizer obrigatório saber como se faz. A título de exemplo, pergunto: sabe quais as diferenças na criação dum vinho branco e dum tinto? E sabe como se faz um espumante? O que é um espumante bruto?
Se conhece as respostas a estas parcas questões é provável que esteja melhor preparado do que a maioria para fazer o seu curso de iniciação à prova, a verdade é que também não trará prejuízo recordar estes conceitos.
Resumindo, sem saber um mínimo de vinhos e do funcionamento dos nossos sentidos, será muito mais difícil abordar o curso e a prova do que quer que seja, e a dos vinhos em especial.
Assim, num curso de iniciação à prova de vinhos deverão ser abordados os seguintes temas:
- História do vinho: desde os primórdios até aos dias de hoje.
- Os sentidos e os vinhos: o olhar, o olfacto e paladar. Os sentidos falam, interprete as suas mensagens.
- Gostos e aromas elementares como ponto de partida crítico para a avaliação. As suas implicações nos vinhos e gastronomia, como base para as harmonias à mesa.
- Tipos de vinhos.
- Vinificação dos vários tipos de vinho.
- Prova de vinhos: tintos, brancos e espumantes.
- A cave como fonte de prazer e de investimento.