Falar sobre aquele que é o casamento mais feliz de toda a história é tarefa de monta e de prazer, deixando, desde já, o aviso que se o leitor não gosta de vinho nem de queijo não deve passar destas linhas pois certamente que não lhe dirão muito.

Falar de vinho e queijo é falar de, e com paixão, dois produtos que são absolutamente parte da nossa história e que somam apreciadores incondicionais.

O queijo

Comecemos pelos queijos lembrando que só em França as suas variedades são 246, tendo De Gaulle referido a este título, como ser possível governar um país com tamanha variedade de queijos…  

Portugal não fica atras e possui queijos deliciosos para além da sagrada trilogia Serpa, Serra e Azeitão, relembrando os de Niza, Castelo Branco, Beira Baixa, entre outros.

É natural que onde haja pastorícia existam queijos de vaca, cabra ou ovelha. No fundo o queijo permite ao homem trabalhando o leite, alimentar-se com produtos lácteos nas alturas do ano em que os animais já os não dão. Note-se, a este título, que os animais apenas dão leite quando alimentam as suas crias.

Os queijos podem ser apreciados em quase todos os seus estados, sejam desde o fresco, à meia cura ao curado, sendo que todos têm os seus defensores e apreciadores, sem esquecer os seus subprodutos, o almece e o requeijão.

O vinho

A lógica do vinho será semelhante, transformar as uvas para guardar o seu sumo fermentado, neste particular acrescentada a deificação do vinho, desde cedo tida como a bebida dos Deuses, Baco, é disso testemunha.

Tal como nos queijos a sua grande diversidade é motivada pelas uvas que lhes dão vida, aos recipientes onde se guardam a madeira e as ânforas outrora seladas com resina, marcam-nos de forma indelével convidando o palato humano a tomar partido e a ditar as suas preferências, despertando paixões.

Na verdade os vinhos são variadíssimos, desde os brancos, aos tintos, espumantes, rosés, e ultimamente já se fala de vinhos sem álcool, já vi vinho azul – como o sangue?- e até pasme-se já adquiri uma garrafa de vinho invisível (vinho branco obtido a partir de uvas tintas)

A Paixão

Vinhos e queijos despertam paixões arrebatadas dos seus apreciadores. Reflectindo chego sempre à mesma conclusão de que o povo – afinal todos nós – é guloso, e desde tempos imemoriais aperfeiçoou os produtos ao seu palato (ou o palato aos produtos) tornando-os sempre e ainda mais apetecíveis, deliciosos e com a sua sabedoria os colocou e mantém no seu dia-a-dia alimentar…

Ambos – queijos e vinhos – nados do engenho humano por necessidades de alimentação, rapidamente despertaram as preferências dos seus consumidores, sejam, os que por da sua zona de produção só podem afirmar que os nossos – queijos ou vinhos – são os melhores. Outros porém, de paladar esclarecido e refinado embora de outras paragens tomam os seus partidos pelos ditos de determinada região ou regiões como os de sua eleição.

O casamento

Ao contrário dos mais comuns referidos casamentos dos quais se diz prudentemente que são sempre uma carta fechada, esta união entre queijos e vinhos vem desde sempre abençoada, e, talvez por isso, abraçada sem reservas por todos.

Podemos tentar encontrar mil e uma justificações para esta aceitação deste casamento, mas talvez a única válida seja a mais simples: é pura e simplesmente delicioso apreciar um belo queijo com um bom vinho na boca e salutar companhia de um belo naco de pão.

Claro que para isso contribuem de forma determinante os taninos do vinho que se harmonizam com a matéria gorda dos queijos, mas em boa verdade alguém se preocupa com isso no momento em que à mesa os casa e aprecia? Nem um. Sim, o que nos motiva é o prazer que daí retiramos e o enorme gosto que temos em fazê-lo.

Senão vejamos, temos alguma fome, não muita, apetece-nos algo guloso, rápido e reconfortante, eis-nos de volta do queijo com um copo de vinho na mão…

Que boa refeição, gulosa, copiosa até, venha de lá esse queijo para acabar o vinho que já falamos de sobremesas. Parece que neste domínio, é apenas necessário um pretexto para fazer o gosto ao dedo, e porque não, um jantarinho só de queijos e vinho…?

Valha-nos o gosto que temos e o prazer que daí retiramos a mentalmente anteciparmos aquele queijo de meia cura com aquele belo vinho tinto tão das nossas preferências, e, mais tarde fazendo a prova dos nove com o pão como companhia, regalar-nos literalmente abandonando-nos a este nosso pequeno luxo de beber um bom vinho tinto com um bom queijo de que tanto gostamos.

Só Para Maiores de Idade! Para visitar este site tem ser ser maior de 18 anos. Por favor confirme a sua idade.