O Enoturismo como seu aparecimento veio traduzir-se numa dádiva para todos, mas na minha opinião os maiores ganhadores e grandes beneficiários são os consumidores que enveredam por este tipo de turismo.

Os produtores convenhamos nem estavam muito para aí virados concentrando o seu foco na produção, a evolução do mercado com o enorme aumento de mobilidade das pessoas a isso obrigou, e a isso tiveram de responder adaptando as suas estruturas criando “pequenos museus” dentro das suas adegas para contarem a sua história e proporcionarem a proximidade dos turistas/consumidores à realidade dos seus vinhos.

Claro que seguiram os exemplos vindos lá de fora, casos de sucesso como o Piemonte que em época de vindimas se enche literalmente de visitantes que querem ver, acompanhar e participar no desenrolar dos trabalhos, ao mesmo tempo que vão apreciando vinhos de colheitas anteriores familiarizando-se assim com cada casa de produção.

Se falei do Piemonte é porque conheço, poderia juntar sem dificuldade a Toscana, e mais umas quantas regiões embora me limite a apontar entre nós, o caso do Douro, que depois de ser considerado Património da Humanidade o afluxo turístico não pára de aumentar com excelentes resultados.

Os grandes beneficiários deste, chamemos-lhe fenómeno, são exactamente os produtores e arriscaria a zona de produção em que se encontram inseridos. É fácil aceitar que após uma visita, contacto directo com a realidade daquele produtor, prova dos seus vinhos e participando, ou não, de actividades especificas, gera-se uma proximidade que se reflete numa fidelização conseguida através do contacto mais forte que há: o pessoal. Acresce que a maioria das pessoas nas lojas do produtor adquire sempre algumas garrafas dos vinhos que mais gostou, vinhos esses que amanhã, em casa, partilhará com amigos e familiares num boca a boca que só beneficia o produtor, a região, mas cujo último e supremo beneficiário é o consumidor.

O consumidor sublinhe-se irá certamente manter esta proximidade e revivê-la quantas vezes entender, tentando sempre que possível continuar a adquirir vinhos deste produtor, eventualmente de colheitas diferentes uma vez que o transportam a uma realidade tomada como sua da qual é testemunha viva.

Não menos importância têm as agências de viagens, algumas especializadas neste tipo de turismo, que criam os circuitos, agilizam os meios, dinamizam a economia local, e quando o trabalho é bem feito podem conseguir a proeza dos consumidores regressarem à região com tudo o que de positivo este facto tem, note-se que o principal será económico claramente acompanhado por outros índices nomeadamente de satisfação, cuja medida não é quantificável.

Compreende-se assim claramente que o Enoturismo é de importância vital para a economia, e dentro desta para os produtores, seus últimos destinatários, sendo de realçar a dinamização de regiões de si carenciadas, pobres, que com o enoturismo conseguem valorizar a sua gastronomia, o seu património, gerando emprego, dinamizando actividades novas e riqueza na região.

O Enoturismo é assim essencial para todas as regiões e os seus impactos só são positivos.