Os vinhos sempre me apaixonaram desde pequeno talvez por, ao início, ser coisa de gente grande e eu quero ser grande, sendo que mais tarde se veio a transformar numa paixão.

Esclareço que a minha iniciação ao vinho se fez à mesa, todos os adultos bebiam o seu copo de vinho a acompanhar a refeição, e perante a exigência dos “pequenos” lá vinha um copo de vinho cheio de água que era perante todos baptizada com uma pequena porção de vinho. Confesso que a cada gole daquele vinho aguado me sentia crescer imenso…

Entretanto e com o passar do tempo o interesse no vinho não só se manteve como foi aumentando, pois dava-se o caso de o poder apreciar sem água, e a verdade é que gostava.

Cada qual tem a sua história e a minha foi, é, e será sempre muito ligar aos aromas, cheiros se preferir, uma vez crer que tenho especial sensibilidade neste campo, talvez por isso nunca me tenha prendido muito às cores dos vinhos além do mínimo exigido. Já não sendo verdade os seus aromas que positivamente me deliciam e apaixonam, sendo para mim fundamental descobrir e apreciá-los todos desde o início, pelo que me parece pertinente partilhar consigo alguma da minha parca experiência.

Tremo frequentemente ao presenciar as sevícias que se fazem aos vinhos, na maior parte das vezes associadas a doutas e rápidas opiniões sobre os mesmos, eu não sou dessa escola, faço as coisas com calma, a preceito e não me tenho dado nada mal. Se o meu leitor ou leitora me quiser seguir agradeço a distinção e, no final, julgará por si.

Uma nota inicial sem a qual nada feito. Sempre que quiser apreciar os aromas dum vinho a primeira coisa em que deve concentrar-se é na sua temperatura, ou seja comece sempre por tê-los um pouco mais frescos do que o aconselhado, é que segundo as leis da física “fecham-se” e o grande beneficiado não é outro senão você.

Aberta a garrafa, verta o vinho para um copo transparente e a primeira impressão que deve ter do vinho deve ser com este em repouso e aí aspirar os seus aromas nessa altura, uma e outra vez até se considerar satisfeito leia-se, já os identificou. Só agora deve rodar o vinho no copo por forma a que acelere a libertação de aromas, divirta-se então com os mesmos, pois à medida que a temperatura do vinho sobe – e sobe rápido – com o movimento os aromas libertam-se agora uns e depois outros e você lá está a apreciá-los, seja pela sua variedade seja pela sua intensidade.

Um conselho final, eu tenho o hábito que adquiri de ao longo da refeição ir em busca de outros aromas do vinho, razão por que regularmente levo o copo ao nariz. Esta prática compensa-me sempre nos vinhos mais novos e recompensa bem mais nos mais complexos que nos brindam sempre com muitas e variadas surpresas.

Boa sorte e boas descobertas.