Grande questão esta, confesso, da qual nunca me tinha lembrado e cuja resposta é, no mínimo, delicada. Devo começar por afirmar que nunca fui, nem quero ser, provador de vinhos daqueles que encontram as notas mais incríveis num piscar de olhos, ou, melhor dito, num sorver de aromas…

Sempre salvaguardei para mim aquela postura que me pareceu a indicada para guardar todo o prazer: a de consumidor atento e esclarecido. Sim, identifico alguns aromas dos vinhos – os mais evidentes – sim, gosto de o fazer, mas nunca me esforcei para ir muito além disso reservando-me para aquele que julgo o grande juiz do vinho, a boca e a apreciação global do dito.

É certo, no entanto, que à minha volta nas provas de vinhos entre entendidos se fala de aromas a flores, flores brancas, violetas e eu sei lá mais quantas, isto, naturalmente nos vinhos tintos e brancos, pelo que bom aluno que tento ser acredito que os aromas estejam lá, que sejam identificáveis e, como tal, façam parte da descrição aromática dos vinhos.

Se você acha isto um ponto importante dê-se ao trabalho de ir para a internet pesquisar sobre o tema e certamente encontrará castas de vinhos onde esses aromas sejam evidentes, portanto o trabalho que terá é comprar um par de garrafas desses vinhos e dar-se ao trabalho de os detectar e fixar. E pronto aí terá os seus aromas a flores.

Mais fáceis e directos, talvez por mais quotidianos, os aromas a fruta sejam mais fáceis de identificar. Dou-lhe vários exemplos: num castelão detectar aroma a morango pode ser fácil, como nos vinhos tintos alentejanos jovens detectar frutos vermelhos não será difícil – um bom branco alentejano Antão Vaz falará de frutos tropicais – os durienses tintos também falam de frutos vermelhos.

Enfim, limitação minha os frutos vermelhos são-me mais fáceis de identificar, já as flores, além de menos frequentes são-me bem mais difíceis de lá chegar, enfim, insensibilidades masculinas….

Eu, que não almejo ir tão longe vou-me ficando pela preocupação de beber bom, beber diferente e beber melhor, indo todo o meu prazer para os casamentos gastronómicos do vinho e, claro, a invariável constituição duma boa e variada cave.

Enfim sou limitado, sei que as flores estão lá, que alguns as “colhem”, mas o meu caminho é outro bem menos preocupado mas igualmente recompensador.