Sempre que estou no supermercado é um autêntico desastre, compro e volto a comprar o que me apetece e não o que necessito, isto por mais listas e listas, sempre acompanhadas de boas intenções, que leve, despisto-me sempre. A derrapagem aquisitiva é sempre igual, enchidos e queijos, e é dela que me proponho falar agora, aqui, consigo.

Sim, vivia de pão com queijo ou de pão com enchidos, dito isto assumo que prefiro os enchidos alentejanos por uma dupla razão: serem feitos a partir de carne de porco preto, e o seu tempero ser o que mais aprecio, isto nas suas mais variadas formas e apresentações desde linguiça, a paios vários: e paio do lombo passando pelo delicioso paio do cachaço.

Sim, já fui feliz nos supermercados mas hoje não sou – sabe deus o quanto me custa – pois todos os meus despistes resultaram em danos visíveis, porquê, perguntará, pela simples razão que todos os enchidos são demasiado industriais, (neste ramo sou a favor de automatismos, industrialização, não) logo desinteressantes. Fica a nota e prometo que mais adiante revelarei o meu segredo.

Diferente abordagem já tenho quanto aos queijos – ainda não consegui não gostar de um queijo – pois o sortido é mais abrangente e, confesso, guloso, mesmo assim pus a pata na poça variadíssimas vezes… refugio-me nos queijos franceses – os azuis mais fortes – e os clássicos mais mimosos (brie, camembert, saint marcelin), nos italianos como parmeggianno à cabeça seguido dum pecorino, alternados de tempos a tempos com uma burrata, e nos espanhóis com os manchegos à cabeça, e um ou outro diferentes disponíveis no momento da compra.

No capítulo nacional lá vou eu a correr para os braços dos Serra, Azeitão e Serpa, embora poucas sejam as marcas que me satisfaçam, alternados com um ou outro queijo da ilha e aqui e ali casados por um queijo de cabra.

A minha tábua de queijos tem um defeito que imagino todas tenham: é sempre pequena. Imagino que se fosse maior continuaria com o mesmo defeito… enfim sempre que utilizo começo sempre mas sempre pelos queijos nacionais e só depois completo o ramalhete seguindo os apetites do momentos ou talvez melhor dito, os apetites possíveis… embora tenha como regra que os nossos queijos e os franceses são obrigatórios, e alterno entre os italianos e os espanhóis para dar um gostinho mais europeu.

Já nos enchidos sou mais exigente pelo que a variedade reduz entre os vários tipos de enchidos de porco preto alentejano, que apresento sempre previamente cortados as rodes para que os convidados se sirvam facilmente.

Uma nota quer os queijos nacionais, quer os enchidos compro-os no clube vinhos e sabores pelo simples facto de não encontrar no mercado qualidade comparável, mas isto, meus senhores, sou eu que além de ter gostos “caros” tento nunca os desiludir…