• Vinhos do Porto

    Sem necessidade de mais apresentações, concordará que a presença destes vinhos na nossa garrafeira é indispensável, assim incline-se para a aquisição de algumas garrafas de Ruby e Tawny, para acompanhar de forma jovial as suas sobremesas, ou para ser fresco como aperitivo.

    Na hora de falar à séria vá para os pesos pesados, 10,20 e 30 anos, Late Bottled Vintages e os vintages propriamente ditos esses sim, para guardar e mais tarde ir à sua procura porque são os indicados para aquele queijo, aquele doce conventual, ou simplesmente em fim de refeição.

  • As Questões da Cave

    As Questões da Cave

    Constituir uma boa cave em nossa casa é o sonho de todos nós mas na hora de o fazermos levantam-se-nos uma série de questões que nos atrasam, para não dizer paralisam.

    Demos de barato que temos um bom sítio para instalar a nossa cave, o que pressupõe seja minimamente espaçoso, fresco e arejado além de ter, pelo menos, uma ficha de corrente eléctrica. Porquê esta última exigência? Mais adiante compreenderá.

    Encontrada a localização da nossa cave, todas as questões se prendem com que vinhos a vamos rechear constituindo o nosso valioso acervo que responderá aos nossos caprichos no que ao copo concerne.

    Os Vinhos

    Claro está que uma Cave é mais do que um somatório de vinhos, daí a primeira questão que nos deve preocupar é que tipos de vinhos eu quero na minha Cave, isto porque muito para além dos vinhos brancos e vinhos tintos há outros tipos de vinhos que devemos ter sempre connosco. Falo dos Vinhos do Porto, Moscatéis, talvez um ou outro Madeira, espumantes, Rosés terminando com umas boas aguardentes.

    Como vê não chegavam as questões em torno dos vinhos brancos e tintos, tivemos de as complicar….

    Vinhos brancos, Rosés e Tintos

    Por uma questão de coerência sugiro que abordemos os vinhos brancos junto com os vinhos rosés, isto porque ambos devem ser consumidos enquanto jovens, pelo que os cuidados a ter com uns e outros são semelhantes.

    O maior cuidado na compra de vinhos brancos e rosés deve ser o de comprar das colheitas mais recentes garantindo assim que se mantém frescos por mais tempo e proporcionando-nos um maior prazer.

    Imaginado que, de vez em quando, nos apetece marisco ou um aperitivo fresco sugiro que nos apetrechemos com umas garrafas de um ou dois bons vinhos Alvarinho, e outras tantas garrafas de um bom vinho verde. Aparte disso vamos aos maduros privilegiando os vinhos Brancos da Bairrada, Bucelas – um bom Arinto é essencial – e, claro, do Alentejo. Se quisermos e pudermos ir mais longe some uns valores do Douro e Dão, estes mais virados para peixes do que propriamente para aperitivos ou mariscos.

    No que aos Rosés toca, compre uma meia dúzia de garrafas e se gostar repita a aquisição, lembra-se que são vinhos para beber jovens.

    Vinhos tintos

    Aqui chegados embrenhamo-nos num labirinto de dúvidas, gostos e quereres, isto porque neste capítulo, almejamos os melhores vinhos comprados, se possível, ao melhor preço. Ora isto não tem muito a ver possivelmente com o que necessitamos, uma vez que nem sempre temos as chamadas grandes refeições, essas sim pedem grandes vinhos, e lembremo-nos que o vinho se deve adequar à comida.

    Nesta linha de raciocínio vamos às compras de vinhos médio de gama para cima, uma vez que os outros não são o nosso foco. Pessoalmente sempre pensei que a melhor forma de constituirmos uma garrafeira é sermos sócios dum Clube de Vinhos sério uma vez que fazem uma selecção cuidada. E apreciando o vinho à entrega podemos muito bem guardar as restantes garrafas na nossa cave já com um conhecimento de causa do valor que lhe acrescentámos.

    O cuidado que devemos ter é o distribuir os nossos vinhos tintos por regiões diferentes, nem só Douro e Alentejo, mas ter o cuidado de lhe acrescentar um toque de Dão, outro de Península de Setúbal, um cheirinho de Ribatejo e outro de Bairrada ficando com o mapa vinícola de Portugal em nossa casa.

    Quanto aos vinhos tintos como já se referiu devemos trabalhar na fasquia do médio de gama para cima, uma vez serem vinhos que nos oferecem alguma garantia acrescida de duração/ envelhecimento que nos é valiosa quando os mesmos não são para consumo imediato.

    No domínio dos caprichos, aí sim, devemos adquirir uma boa meia dúzia de grandes vinhos tintos, ao nosso gosto, para aqueles momentos especiais que mais do que os pedirem, os exigem.

    Vinhos do Porto

    Sem necessidade de mais apresentações, concordará que a presença destes vinhos na nossa garrafeira é indispensável, assim incline-se para a aquisição de algumas garrafas de Ruby e Tawny, para acompanhar de forma jovial as suas sobremesas, ou para ser fresco como aperitivo.

    Na hora de falar à séria vá para os pesos pesados, 10,20 e 30 anos, Late Bottled Vintages e os Vintages propriamente ditos esses sim, para guardar e mais tarde ir à sua procura porque são os indicados para aquele queijo, aquele doce conventual, ou simplesmente em fim de refeição.

    Moscatéis, espumantes, Madeira e aguardentes

    Nesta “caldeirada” temos os vinhos que a menos nos dedicamos, o que é uma pena. Na verdade, não há um único motivo para não servirmos espumantes em nossas casas pelo que nos devemos abastecer junto da Bairrada e uma ou outra origem que nos ofereça segurança.

    No que toca aos Moscatéis, Madeiras e Aguardentes, uma presença simbólica serve perfeitamente, nem que seja para nos forçarmos a de vez em quando irmos em sua demanda, e quem sabe com a boa surpresa reforcemos a sua presença na nossa cave e à nossa mesa.

    Nota final

    A nossa cave não é uma prisão, é sim um espaço de prazer e fruição, pelo que mais do que ter devemos usá-la com frequência rodando os vinhos que temos em acervo e garantindo a sua renovação.

    A cereja em cima do bolo será o podermos ter um armário frigorífico para conservar os nossos melhores vinhos em condições perfeitas, e claro termos vinhos brancos sempre a boa temperatura bem à mão de semear.

    Convencido? Comece a sua cave e boa sorte, lembre-se que o caminho faz-se caminhando.

  • Porque se guardam os vinhos em barricas de madeira?

    Eis uma boa pergunta que se responde com prazer. Esta é, diria, uma questão claramente colocada por alguém que nasceu no século XX que se deu ao trabalho de questionar qual a razão de tanto trabalho para armazenar o vinho em madeira quando existem outros recipientes mais práticos e baratos.

    Embora carregadas de razão as respostas de hoje surgem-nos quando olhamos para trás e acompanhamos numa perspectiva histórica o desenvolvimento das “coisas” deparando-nos frequentemente com histórias muito curiosas.

    Na antiguidade, antes da descoberta do vidro ou mesmo depois de descoberto o seu preço era proibitivo, os recipientes usados para guardar os vinhos eram feitos de barro ou de madeira.

    Há descrições de vinhos transportados em ânforas nas galeras romanas, este era no entanto um recipiente algo “mimoso “ pois além de se partir tinha que ser muitas vezes impermeabilizado usando o pez, e, minhas senhoras e meus senhores, estes são os originários dos tintos da talha (sim, eram fermentados em talhas de barro).

    Uma curiosidade a este título reside no facto dos gregos apreciarem vinhos com sabor a resina. Porquê? Simplesmente porque os romanos para os vinhos não entrarem em contacto com o ar selavam as ânforas com resina que, no entanto, passava o seu sabor ao vinho e a este se habituaram- e acabaram por apreciar – os seus consumidores finais.

    Claro que as ânforas tinham uma clara limitação o manuseamento e logo a sua capacidade uma vez que quanto maior a ânfora maior a sua dificuldade de transporte, a sua fragilidade e a possibilidade, sendo partida, de perda total.

  • Os vinhos melhoram com a idade?

    Vive um homem uma vida de trabalho e só de vez em quando ouve uma pergunta digna desse nome, ou seja inteligente. E esta, minhas senhoras e meus senhores é uma delas, isto porque vale a pena reflectir um pouco sobre este assunto.

    Em princípio de conversa diria que todo e qualquer vinho acabado de engarrafar, é, no mínimo, imbebível uma vez que acaba de sofrer um traumatismo do qual necessita alguns dias, quando não semanas, para se recuperar, recompondo-se. Nesta perspectiva de muito curto prazo todos os vinhos melhoram com esta tenra idade.

    Uma vez engarrafados os vinhos e reencontrados dentro da garrafa já a conversa é outra e a sua evolução condicionada por diversos factores. Para ser minimamente honestos vamos assumir que todos os vinhos são guardados de forma aceitável, num local fresco, arejado, e sem grandes amplitudes térmicas e que este factor não vai influir na sua longevidade.

    Sempre que nos colocamos esta questão devemos acrescentar-lhe uma outra que condiciona claramente o processo: este vinho foi desenhado com que fim? Ser um vinho de consumo rápido, ser um reserva, ser um grande escolha?

    Os vinhos desenhados para consumo, digamos, no prazo de um ano dificilmente podemos dizer que melhoram muito em garrafa, sim fazem-nos logo a seguir ao engarrafamento e depois por ali andam, mais acima mais abaixo. Feitos para beber rápido e rápido se devem beber, uma vez que, no máximo ao fim de um ano começam a decair.

    Subindo no patamar os vinhos desenhados para reservas e acima, têm obrigação e dever de melhorar com a idade, uma vez que são muito mais ricos em estrutura à nascença, e esta vai sendo domada pelo passar do tempo, domesticando a sua agressividade e desenvolvendo novos aromas e sabores tão ou mais ricos do que os originais.

    Fácil é concluir que a duração dum vinho está intimamente ligada à sua estrutura inicial que, registe-se, deve ser desenhado para este efeito. Há, e graças a deus que há, muita gente, leia-se apreciadores de vinhos, que vendem a alma por acompanhar um vinho desde o seu nascimento até ao seu apogeu, avaliando-o ao longo da sua vida e descobrindo e acompanhando a sua evolução em cor, aromas e sabores.

    Eu sou um deles, nada me dá mais alegria do que ir seguindo a vida dum grande vinho e guardando na minha memória todas a mil e uma sensações e prazeres que me foi proporcionando ao longo de cada garrafa que abri.

    Note-se que os grandes vinhos têm obrigação de evoluir de forma harmoniosa e equilibrada, sendo este o seu grande teste de resistência, prova final da mestria dos que lhe deram corpo.

    Daqui decorre a resposta à nossa inteligente questão: sim os vinhos melhoram em garrafa e cabe-lhe a si descobrir quanto tempo, agora tenha atenção nos grandes vinhos é bem capaz de ter de comprar uma boa meia dúzia de garrafas para os ir acompanhando de longe a longe, sob pena de ruína, aceite que os grandes vinhos têm muitas características, o preço baixo, não é uma delas…

  • Como se faz a degustação olfativa de um vinho?

    Os vinhos sempre me apaixonaram desde pequeno talvez por, ao início, ser coisa de gente grande e eu quero ser grande, sendo que mais tarde se veio a transformar numa paixão.

    Esclareço que a minha iniciação ao vinho se fez à mesa, todos os adultos bebiam o seu copo de vinho a acompanhar a refeição, e perante a exigência dos “pequenos” lá vinha um copo de vinho cheio de água que era perante todos baptizada com uma pequena porção de vinho. Confesso que a cada gole daquele vinho aguado me sentia crescer imenso…

    Entretanto e com o passar do tempo o interesse no vinho não só se manteve como foi aumentando, pois dava-se o caso de o poder apreciar sem água, e a verdade é que gostava.

    Cada qual tem a sua história e a minha foi, é, e será sempre muito ligar aos aromas, cheiros se preferir, uma vez crer que tenho especial sensibilidade neste campo, talvez por isso nunca me tenha prendido muito às cores dos vinhos além do mínimo exigido. Já não sendo verdade os seus aromas que positivamente me deliciam e apaixonam, sendo para mim fundamental descobrir e apreciá-los todos desde o início, pelo que me parece pertinente partilhar consigo alguma da minha parca experiência.

    Tremo frequentemente ao presenciar as sevícias que se fazem aos vinhos, na maior parte das vezes associadas a doutas e rápidas opiniões sobre os mesmos, eu não sou dessa escola, faço as coisas com calma, a preceito e não me tenho dado nada mal. Se o meu leitor ou leitora me quiser seguir agradeço a distinção e, no final, julgará por si.

    Uma nota inicial sem a qual nada feito. Sempre que quiser apreciar os aromas dum vinho a primeira coisa em que deve concentrar-se é na sua temperatura, ou seja comece sempre por tê-los um pouco mais frescos do que o aconselhado, é que segundo as leis da física “fecham-se” e o grande beneficiado não é outro senão você.

    Aberta a garrafa, verta o vinho para um copo transparente e a primeira impressão que deve ter do vinho deve ser com este em repouso e aí aspirar os seus aromas nessa altura, uma e outra vez até se considerar satisfeito leia-se, já os identificou. Só agora deve rodar o vinho no copo por forma a que acelere a libertação de aromas, divirta-se então com os mesmos, pois à medida que a temperatura do vinho sobe – e sobe rápido – com o movimento os aromas libertam-se agora uns e depois outros e você lá está a apreciá-los, seja pela sua variedade seja pela sua intensidade.

    Um conselho final, eu tenho o hábito que adquiri de ao longo da refeição ir em busca de outros aromas do vinho, razão por que regularmente levo o copo ao nariz. Esta prática compensa-me sempre nos vinhos mais novos e recompensa bem mais nos mais complexos que nos brindam sempre com muitas e variadas surpresas.

    Boa sorte e boas descobertas.

  • Vinhos Brancos, Rosés e Tintos

    Desde que o mundo é mundo, que o vinho é vinho, sempre foi apreciado pelos humanos, que é o mesmo que dizer por todos nós.

    O seu percurso até aos dias de hoje não deixa de ser atribulado e cheio de peripécias, algumas até bem-dispostas, mas no fundo o papel central estaria sempre reservado aos produtores, pois quanto em maior número e mais senhores da sua arte, trariam a si a fama pelos seus produtos e com ela o escoamento dos seus vinhos a preços compensadores.

    Nesses tempos o vinho era, no entanto, quimicamente instável e se submetido a maiores temperaturas corria o risco de se alterar, recorde-se a este título o castigo e dificuldade que era para as gentes do douro fazerem chegar os seus vinhos em condições ao seu mercado natural: o porto.

    Imaginem-se agora outras situações como os romanos a transportarem os seus vinhos para a Grécia, transporte este feito em ânforas através dos mares. Entre as que se quebravam, as que se desrolhavam, e outros azares que traziam grandes prejuízos ao comércio destes produtos, isto já para não falar da tripulação dos barcos, como quem não quer a coisa, ir retirando de umas ou outras a sua caneca… Com o passar do tempo estas ânforas começaram a ser seladas com resina por forma a garantir a sua estanquidade e inviolabilidade.

    Dito isto, quase se pode concluir que o produtor de vinhos com maior sucesso é o que produz e vende tão rápido que encaixa o valor da venda antes de o vinho sofrer qualquer alteração…

    Felizmente as coisas evoluíram e o aparecimento do vidro facilitou muito a tarefa do armazenamento e transporte do vinho, e a rolha acabou por rematar o seu passaporte para a eternidade, embora, claro, com contingências. Como se sabe, a rolha é uma matéria viva que obedece às leis da física inchando quando em contacto com líquidos, reduzindo quando seca.

    Está, pois, encontrado o principal motivo para que as garrafas de vinho sejam guardadas deitadas, uma vez que as rolhas estando em contacto com o vinho, encontram-se sempre dilatadas garantindo, desta forma, a estanquidade da garrafa e, com ela, a longevidade do vinho.

    Outro motivo ponderoso para guardar as garrafas na horizontal decorre duma questão prática, uma vez que desta forma se armazenam uma quantidade muito superior de garrafas, em boas condições de acesso.

  • Tempos Imemoriais

    Abordar o tema da tradição das vindimas é recuar a tempos imemoriais onde as recordações se perdem por de tão longe serem originárias, na verdade esta tradição remonta à plantação da vinha. E quem sabe, ao certo quando isso foi, desde os tempos romanos, fenícios? Sim, quem sabe?

    A tradição

    Só quem nunca participou numa vindima é que não se apercebe da profundidade do seu significado para a união da família, dos amigos, das gentes, para recolher o que a mãe natureza oferece.

    Será este, porventura, o primeiro significado da vindima a recolha, a fartura, o início da produção do nosso vinho – de todos o melhor – e, naturalmente, a união de todos em torno do objectivo comum da recolha que, noutros tempos, assegurava a sobrevivência.

    Este ambiente de festa e fartura é especialmente propícia para os mais velhos chamarem os mais jovens e lhes passarem os ensinamentos inerentes ao saber de experiência feito, e os moldarem a estas actividades recordando eles também os doces tempos da sua juventude quando os seus pais e avós, com eles fizeram igual.

    Assim se cultivam os gostos dos mais novos, se moldam os seus feitios, aprendem a trabalhar, valorizam a equipa, o convívio, a família e ganham o gosto pela terra que os ampara e sustenta no mais lidimo respeito pelas tradições de antanho, neste caso transmitidas pelos familiares.

  • A Azáfama

    Vindimar é festejar a vida e começa muito antes do acto de colher as uvas, sim há que limpar as adegas, rever maquinaria, desinfectar as cubas. Assegurar gente convocando os habituais e tentando suprir alguma falha deste ou daquele elemento que este ano por algum motivo não pode vir.

    Cuida-se igualmente da maquinaria que não pode nem deve falhar, das caixas de plástico para transportar as uvas das cestas que distribuídas a cada vindimador para que as encha, as tesouras. Cuida-se do rancho com que se matará a fome a cada um dos que, este ano, vierem para a vindima.

    Na vinha o dono, o feitor e o adegueiro, vão controlando a maturação das uvas deitando-se a adivinhar quais as que primeiro devem ser colhidas e mais ou menos qual a quantidade de vinho que darão para na adega tudo bater certinho.

    Acordam a olhar para o céu não vá o tempo pregar partidas chuva ou demasiado calor são inimigos, ladrões, que entram pela porta das traseiras para roubar o que a mãe natureza criou. Cuidam da vinha como se de um exército se tratasse passando amiúde revista às suas tropas.

  • A Adiafa

    Terminada a vindima, mãos e corpos doridos, cansados, mas espíritos bem-dispostos antecipam as jornas e o que com elas farão, enquanto ansiosamente aguardam a adiafa, aquela refeição em que todos se juntam para comemorar o fim da vindima por aquelas paragens.

    As histórias já muito repetidas voltam a circular entre todos despertando as mesmas gargalhadas, enquanto se ultimam os pormenores e chamam para a mesa.

    O vinho tinto do bom já corre pelas gargantas secas, já se come pão com aquele chouriço de todos os anos, com os torresmos, as azeitonas, os queijinhos. À mesa, ao mesmo tempo, que se partilha a refeição com as mulheres a trazerem travessas e travessas para que não falte a comida a ninguém. O vinho continua a jorrar tal como as histórias entre todos, às que se somam esta ou aquela que se ouviu no café, na mercearia, na bomba de combustível.

    No fim, fuma-se uma cigarrada com o café, e aquela aguardente caseira que todos adoram e que lhes queima as entranhas, mas são homens e os homens aguentam, gostam, pois são fortes.

    Uns mais entornados do que outros despedem-se no fim, mas todos sem falta marcam presença para o ano que vem, pois pode mudar muita coisa nas suas vidas mas nenhuma, os fará romper com a tradição.