Apreciar um vinho tem muito mais interesse do que há primeira vista se possa imaginar.

A prática de per si, ao contrário do que poderia parecer, pode não ser um caminho sólido veja-se uma pessoa, bom bebedor, mas que apenas aprecia vinhos duma determinada região em detrimento de todas as outras. A amostra é limitada, o resultado só pode ser o mesmo.

Pense-se ainda no caso dum homem, ou mulher do mundo, aprecia muitos e variados vinhos das mais diversas origens, dir-se-ia que se estava na presença dum ou duma conhecedora, o que não é rigorosamente verdade, pois o apreciar diversidade em quantidade não é sinónimo de saber avaliar vinhos, que vai muito para além do: gosto, não gosto…

Todas as pessoas que se interessam minimamente por este tema e o poder falar sobre ele com um mínimo de consistência, deveriam ponderar frequentar um curso de iniciação à prova para se dotarem dos conhecimentos teóricos e práticos que lhes permitam aferir minimamente sobre vinhos.

Na verdade se eu lhe perguntar como se faz vinho branco, saberia responder-me? E espumante? E vinho branco de uvas tintas? E vinho do porto? Como vê as questões são variadas e pertinentes e as respostas nem sempre fáceis ou intuitivas.

Dizia Eça de Queirós que para ensinar é necessário cumprir uma condição mínima: saber. Assim, conhecer os fundamentos básicos de como são feitos os vinhos mais não é do que senso comum para ao avaliá-los saber analisar, ler, sentir.

Tão ou, mais importante do que a parte teórica é a prática que sob o ponto de vista sensorial nos treina para avaliar de forma empírica os vinhos, classificando-os, comparando-os e encontrando naqueles de que mais gostamos, as razões dessa paixão.

O treino com bases empíricas, aqui sim, desde que devidamente orientado conduz-nos ao caminho correcto e que, uma vez iniciado não tem fim, pois a nossa procura é tão incessante quanto a nossa curiosidade….

A prova de vinhos começa por treinar o olhar, conhecer-lhes as cores e os seus significados, permitindo responder a perguntas como a idade expectável dum vinho, que depois se confirmará, ou não, nos sentidos que se seguem.

O nariz é o sentido seguinte, porventura o mais poético, que detecta o bom e o menos bom que o vinho tem para mostrar: os aromas, os frutos, as flores, a madeira, a evolução e porventura os defeitos que o mesmo possa ter, e que podem ser só a falta de atributos.

Finalmente o verdadeiro juiz, o paladar, esse é quem dita a sentença final, pois um vinho que na boca não se comporta condignamente é um vinho sem interesse.

À semelhança do nariz, a boca reencontra os sabores sugeridos ao aroma, ou não, mas avalia igualmente os seus taninos, o álcool, a adstringência, o tempo de presença em boca, a elegância, a potência, atributos que acabam por ditar a sorte dum vinho. Exemplificando, um vinho com uma cor que não impressione, um nariz parco, mas uma grande boca, não falharia o seu copo e as suas preferências. Já se os dois primeiros pontos forem pujantes mas a boca parca, o mesmo vinho não agradará.

Como vê é essencial identificar cada ponto e depois praticar muito, muito, sempre sem ideias feitas, pois se há coisa que o vinho nos faz de forma inesperada é surpreender-nos, e isso é tão, mas tão bom.