Terminada a vindima, mãos e corpos doridos, cansados, mas espíritos bem-dispostos antecipam as jornas e o que com elas farão, enquanto ansiosamente aguardam a adiafa, aquela refeição em que todos se juntam para comemorar o fim da vindima por aquelas paragens.
As histórias já muito repetidas voltam a circular entre todos despertando as mesmas gargalhadas, enquanto se ultimam os pormenores e chamam para a mesa.
O vinho tinto do bom já corre pelas gargantas secas, já se come pão com aquele chouriço de todos os anos, com os torresmos, as azeitonas, os queijinhos. À mesa, ao mesmo tempo, que se partilha a refeição com as mulheres a trazerem travessas e travessas para que não falte a comida a ninguém. O vinho continua a jorrar tal como as histórias entre todos, às que se somam esta ou aquela que se ouviu no café, na mercearia, na bomba de combustível.
No fim, fuma-se uma cigarrada com o café, e aquela aguardente caseira que todos adoram e que lhes queima as entranhas, mas são homens e os homens aguentam, gostam, pois são fortes.
Uns mais entornados do que outros despedem-se no fim, mas todos sem falta marcam presença para o ano que vem, pois pode mudar muita coisa nas suas vidas mas nenhuma, os fará romper com a tradição.